terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O Rodo

Passa o rodo
a vassoura
e o espanador
que é pra tirar a poeira
de quem não quer brincar de amor

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Menina

Menina que eu nem posso mais
Sentir o teu cheiro
Que o arreio explode
Os botão da camisa
Olha onde pisa
Vê que eu estou no meio
Menina tão dura

Cruel foi quem fez tu e fez tudo
E em ti nada esqueceu
Menina, ainda por cima
Que rima com sina
E combina com céu
Menina cruel

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tudo que esvai

tudo que vai...
às vezes volta
e o que esvai?
às vezes volta

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Gota Lavadeira

Chorei um mar
Chorei
Da gota lavadeira
Foi que lembrei que vale nada
Tristeza segurada assim
Ou de qualquer maneira
Chorei, e foi um mar


domingo, 12 de dezembro de 2010

Talvez até

Lobo solitário - louco salafrário
Um, outro...
Talvez até o contrário
Pagão desde o começo
Talvez até o avesso
O primeiro ou o retardatário
O que importa é que confesso
Que de meu itinerário
Em nada há pressa no processo
Nem registro de horário
Nem sei que horas eu saio
Muito menos
Que horas regresso

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Universo Perpendicular

Ângulo reto?
Só no universo perpendicular
Notícias de lá?
Trago quando voltar
Virado na primeira reta
Divagando logo chego
A distância curta ninguém acerta
Entre os pontos das arestas guardo meu segredo
Um coração de brinquedo que se encaixa feito peça nas frestas do desejo
No desvario desta festa vou bebendo ao que me resta
Cabeça, membros, vísceras, pêlo
E um amor tão almejado de viver em desapego
Que me consome o vício
E aí, o homem se vê menino que não sabe mais nada disso
De anatomia, fisiologia, filosofia ou sacrifício
Mas só de rock, samba, futebol e desperdício
Tudo isso tem por lá
No universo perpendicular
E o resto
Te conto quando voltar...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Peça

Peça
a
peça
vamos
nus
encaixando

Cardiogravura

Nem lito, nem xilo
Fui cardiogravurado
Infinito sombrio
Que quis ser mensurado
E restou por um fio 

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pergunta de agradecimento

Ó, Papai
Por que a vida é tão boa?
Por que meus amigos são tão bons?
Por que Bob Marley e Hermeto Pascoal são tão maravilhosos?
Por que mulher é um bicho tão lindo?
Por que o ruim sempre passa e a maravilha sempre volta?
É... realmente, um só momento de deprê é muito pouco para responder... 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Remedinho

Nada melhor pra uma cara-de-bunda do que um cara-de-pau!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mulheres

... as mulheres são maravilhóptimas demais para serem terráquias, e sensíveis demais para não serem loucas! Talvez por isso a ufologia em detrimento à física, a música pela matemática e a cerveja em minha vida...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Oração poética da noite de reggae

Ò Senhor
Que é meu pastor
Belga ou Alemão
Mordei os disinfiliz 
Que pregam a desunião
E não deixais que nos amargurem o coração 
E que também não caiam na tentação
De beber mais que o figo
De fumar mais que os pulmão 

Levai essas disgrama para o além   

E livrai-nos dos mala-man  

E salve Já, a Rasta Fire mais linda que eu já vi pular

terça-feira, 26 de outubro de 2010

De perto, por dentro

De perto e por dentro, todo mundo é lindo e nojento!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Filosofia e Religião

Filosofia no cu dos outros é religião!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Do jeito que estiver

Tudo é ótimo enquanto está ótimo, depois disso, passa a ser do jeito que estiver...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Esher já sabia

Escher que já sabia de tudo, ou pelo menos questionava muito bem - estamos dando voltas? Talvez a reflexão diante de algumas de suas obras ajude a elucidar algumas questões pendentes ou ao menos sacie, mesmo que aparente e superficialmente nossa fome de compreensão... afinal, a última escada rolante dá sempre na praça da alimentação!

Mas, ó, Papai, até quando daremos voltas nos shoppings atrás da última promoção? Haverá o dia em que não mais acreditaremos no vendedor que tenta nos convencer de que pagaremos menos e ligaremos mais? Por quanto mais tempo dançaremos forró de salto alto ou creditaremos nossas vitórias aos duendes da Xuxa ou diremos que reggae e rock não são ritmos brasileiros?

Resposta pra isso tudo, só quando tudo isso tiver passado. Mas o que importa na verdade é o caminho. A meta e a resposta são como a lebre de pano na corrida de cachorro, servem só pra instigar, o passo em andamento é a única certeza, passo dado é história, não dado, nem mesmo É.

E agora, procurar a boa estrada? E como escolher dentre as opções infindáveis dessa maravilhosa existência recheada de incertezas? Como diria qualquer candidato, e hoje em dia candidato pode ser qualquer um mesmo... - Se atente aos sinais:

No verde olhe para todos os lados, sabe-se lá...
No vermelho, corra! De encontro, ou em fuga, apenas corra!
E no amarelo, bem, o amarelo foi seguido por Buda, Jesus, Krishna, Zaratrusta, Lao Tzu, e mais um monte de gente que não conheci e nem me contou qual a vibe do amarelo, mas sim, se ele aparecer, meu conselho é: pule e grite. Quem sabe assim, um outro sinal não pisca pra você. E tomara que não seja azul!

Já Nitche ou Osho provavelmente diriam: Ai, ai, ai, queridão, apenas SIGA – Sarau do Infinito Galaxial Autoral II – A saga continua!

Amadas e imprescindíveis, o SIGA só melhora! Dessa vez teremos agregada ao nosso time a presença enebriante e progesterônica de Carmen Santiago, que ao vivo dará aos nossos caminhos novos traços, repletos de cores que vão muito além de nosso daltonismo político!

Ainda, enchendo nossos olhos de lágrimas pigmentadas Cirilo Quartim e André Santângelo - quando a reta encontra a curva a menor distância entre dois pontos se torna o ponto do meio, ou simplesmente a arte!

Dessa vez quem mostra seus vídeos é Cacai Nunes – o cabra vem rodando essa nossa vastidão cultural registrando causos e cantorias de nossos violeiros brasileiros e seus instrumentos cantadores.

A música do momento será encenada pela Rádio Casual – Ricardo Guti e seus assistentes de palhaço guiarão os presentes pelo caminho da vidência, sim, os fatos mentem, mas os atores estão sempre certos! Curtam esse musical.

Nos improvisos, nós todos, e mais todos os presentes, poetas, curtidores, músicos, performers, filósofos, seguidores do SIGA, isso, se associe - aqui não tem carteirinha, não tem camiseta, não torcemos para nenhum time, isso por que todo grupo que exista exclui os demais, junte-se a nós e não seja de ninguém, pegue o caminho que aponta para cima e simplesmente SIGA!

Para o alto e adentro!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Aletéa Cosso

Aletéa Cosso



“Muito boa noite a todos, é realmente um grande prazer poder apresentar meu repertório nessa casa tão importante que é o Clube do Choro de Brasília, me sinto muito honrada em  interpretar essas canções que gosto tanto para vocês” – peraí, isso não tem nada a ver com Aletéa, é melhor eu abrir uma cerveja e colocar uma dose de Campari aqui do lado pra chamar a inspiração da Lets...
Olá, falo agora em nome do Vavá - o que acontece aqui é que estou bem acostumado a falar sobre as celebridades que me rodeiam, e privilegiado que sou, me sinto muito bem rodeado de forma que nunca me falta assunto para escrever... Só que é claro, Dona Aletéa teve que pedir que eu produzisse algo pra ela dizer na abertura do show e não um texto de divulgação como os que fiz para os outros amigos artistas, a final, Lets nunca será como os outros amigos, tampouco como os outros artistas...
Espera um pouco, espera mais um pouco que ela tá vindo... Abrindo a terceira cerveja e arrematando a segunda dose de Campari já posso me sentir um pouco mais Lets - sim, gente, meu apelido é Lets, mas pra vocês, meu público, é Aletéa.
Para quem não sabe, Aletéa vem do latim, e quer dizer “Verdade”. E bem sabemos que os nomes das pessoas dizem muito sobre elas, de forma que tomem minha vida como uma história embasada na verdade, por exemplo:
Minha mãe conta que nasci de parto normal e sem qualquer estresse, e ainda que vim ao mundo cantarolando uma bela melodia numa tarde de domingo, a mais pura verdade! – escutando algumas determinadas cantoras poderemos inferir rapidamente que elas só podem ter nascido cantando, tem gente que nasce prontaaa!
Aos cinco anos comprei minha primeira viola. Verdade total! Nossa, sonhava com isso desde os três, e daí que passei dois anos guardando cada cachê que consegui cantando nos botecos e nas igrejas, é claro que, como era criança, não via muita diferença entre os ambientes. Então quando somei a quantia necessária para adquirir meu primeiro instrumento eu já era a princesa das casas noturnas da cidade e dos corais de anjinhos – nunca me identifiquei muito com essa história de anjinho, mas sabia todas as músicas do Roberto, Djavan e do Tim Maia, e como ainda não tinha mudado de voz, cantava uma Zizi posse como ninguém.
Aos sete já tocava a viola na orquestra, Verdadeeee! Só que sempre me apurrinhou o fato de eles não quererem fazer nenhuma canção do Ratos de Porão, que era o som que eu curtia na época - nem mesmo um Sepultura eu podia arranhar naquela sinfônica careta!
Um instante, um instante, só mais uma cervejinha, vem Lets, baixa... Olha, não quero contar minha vida toda pra vocês agora não, ainda mais por que acabei de me lembrar do playback que tive que encenar pro Roupa Nova – Diante daquele absurdo, eu com tantas partituras em minha frente e aquele playbecão grosso rodando no retorno, nossa, ainda bem que não tinha nenhuma dancinha ensaiada, se não eles iam ver... Acabou o show fui direto no produtor botei o dedo na cara dele e lhe disse que se ele tinha me chamado só por que sou uma gatona que ele... que ele me chamasse para as próximas também, foi o cachê mais fácil que já ganhei.
Mais um golinho – AAAAAAa depois daquela história continuei metaleira da pesada, mas também sempre curtindo o erudito, só que ficar falando esse monte antes do show  não tem nada a ver, poxa, (poxa é ótimo, mas é que a casa é de família) pedi ao Vavá que o texto fosse pequeno – essa é a Aletéa - só que ele não perde a oportunidade de me sacanear – esse é o Vavá - e ele ainda queria que eu dissesse aqui que eu lembro a Rê Bordosa do Angeli, só que linda, como se amenizasse a situação!
Mais esse traguinho e o texto tá pronto, bem, não sei como tá aí pra vocês, mas eu estou bêbado, quer dizer alteradinha, meu nome é Aletéa e essa é a minha banda linda, espero que vocês amem esse show e se divirtam, assim como o Vavá deve estar se divertindo a vera me vendo ler essas baboseiras. Só pra encerrar esse discurso, Se liga Dudu Belo, você toca muito, é um gatinho também, mas é dos carecas que elas gostam mais!


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Espera

Esperando o bem dos males que vem...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cirurgião Amador

‎- você, o que faz?
- sou artista profissional
- e tu?
- sou neurocirurgião, amador...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

De antes do Purgatório

Primeiro o Purgatório, agora a Condenação, peraí, Trevas Eternas – Licença, amigo, pra onde é o Paraíso? – Ha, o Paraíso é antes da Condenação à esquerda, mas na boa, se tu molhá a mão do porteiro tem uma trilha que dá lá de antes do Purgatório...

Denotando-me, Conotei-me

Denotando-me
Conotei-me
mas até quando,
denotar-me
se sou puro conotado?
fantasio meu estado
e muto
de sólido, líquido, pastoso, um tudo
e em nada em mim
percebo um denotado
que justifique um eu parado
que em mim denote um ser confuso
só por ser um ser mutado

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Saidinha

Saidinha, a menina
Deu descanso à minha rima
Bonita que é, fez o resto parecer qualquer
Fez até eu parecer que presto
E a menina parecer mulher

Saidinha, a namoradeira
Planta que garra e toma, sim,
a trepadeira
Aprendeu as minhas defesas
Minhas raízes não mais presas
Logo eu, edáfico por natureza
Da namoradeira agora me esguio
Chovo então na trepadeira
Que é pra ver se onde me enfio
Dá mais rima às minhas besteiras

Vontade melhorada

Minha vontade melhorada
É a de fingir tristeza
Pois viver em alegria
Cansa a minha beleza

PsicoAntipatia

É o próprio doente imaginário
Dito hipocondríaco
Nato cardíaco, coração flácido
O homem do dedo de plástico e coluna de vidro
O peito asmático
Ta sempre ferido
Vivido em tom enigmático
Um cabra fodido
De tanto ser antipático

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bom dia que vem depois do vinho

Bom dia que vem depois do vinho, já já me acerto, a boca vermelha e a cabeça de concreto atrasaram o relógio, prisioneiro da cama, o sol me chama, mas surdo que sou, vou sonhar com quem me ama ao som do ventilador, bom dia que vem depois do vinho, te vejo depois.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Beleza Roubada

Tão linda que é
Beleza roubada se fez
Num ato singelo
Sem ônus ou elo
Levou meu sono de vez

Encanta a dureza
A pressão
Ausentes no objeto
No que vê é que reina a tensão
Sincero e desperto
A noite o abraça
E traz ficção à visão
Longe já, da cachaça
E de qualquer outra compreensão

Tão linda que é
A Beleza à Roubada se une
E preenche o inane
De pura loucura em nada imune
Ao avanço da noite
Ao alcance do cume
Ao prazer deste açoite
Que é o mal do ciúme

Silêncio

Um som não pode ouvir outro som, só o silêncio escuta...

Besta

Como uma besta ela viu o burro fazendo careta. Ops, e o bobo acordou. Desperto, um coice fez com que a moça que só queria amar caísse no chão. A colisão como de se esperar, fez das tetas meia volta, e antes que a coitada pudesse respirar, levou uma pisada de algo como gente má. Descrente e, de repente inconsciente, tudo fiou mal. Ela nem gritava, e o bicho, num último golpe que parecia ser fatal, virou-a como a besta queria, porém, a heresia, foi o suspiro de alegria. É, um sorriso num presunto, é um troço que arrepia.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Os Beques


Ainda bem que os beques ainda fazem,
Pois o gol poderia ser de qualquer um

O Lacônico e o Loquaz

O lacônico e o loquaz, quase não se falam, não se falam mais
E os antônimos, com todos seus sinônimos, dispensam ser anônimos

Compensam cerimônias, guerrilhas por autônomas, posições platônicas,
ambições faraônicas,
com suas forças atômicas

O paradoxo e o desconexo, contestam amor, quando testam o sexo
E os complexos, com todos seus reflexos, dispensam ser anexos

Descrença dos monômeros, doce ilusão de isômeros, vertigem dos termômetros, dormentes e plutônicos,
Almejando ser jônicos;

Pseudônimos lotam manicômios tal como adultérios enchem os cemitérios
Sorte os cômicos, intrépidos barômetros,
Serem todo autômatos

Sibilam discrepâncias, dispêndio de nuanças, nua ignorância, ou crua sapiência,
propícias esperanças

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Poemeta Propolina ou Amigdalítica

Baseado em gotas
Garganta fechou
Regado à mel e própolis
Baseado em gotas
tem?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Futuro Cósmico

Vamo que vamo, o futuro cósmico em nada depende disso, mas sorrirá pra nós...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Caminho Feminino

Se os parâmetros seguissem a lógica feminina o mundo teria no mínimo muito mais caminhos!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

3 Tempos

O presente tá aqui, esperando o passado acabar de passar, enquanto o futuro, em sua ingenuidade ignorante, não faz a menor idéia do que está acontecendo agora.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Zoodíaco

Ema com ascendente em paca, direto da zebra, mas é aí que o leão fica feliz, com o inusitado!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Outro alguém

 E se tiver que virar outro ou agregar alguém, que mal tem?

De repente

Juntando e separando aos poucos, tudo pode ficar melhor de repente!

Por hora eu sou só eu agora

Sempre Morto

Se for para sempre é por que já nasceu morto!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Meta Reta

Fazer o que quiser, pelo tempo que gostar

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Forçar

Bem, não fizemos força pra nascer e nascemos, não fazemos força pra respirar e como respiramos, acho que também não precisamos fazer força pra ser feliz e nem entender por que nascemos ou respiramos - e isso tudo de nascer e respirar não é uma alegria só? só sei que é assim...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

E você?

E você, nessa vida bandida de corações flutuantes, como anda?

De dia

De dia até de dia todo dia

Ai

Ai, ai, ai, Ai Ristóteles

Frescuridão

Acerca das guerras sexoilógicas acredito que o motivo possa estar associado à frescuridão da camada de hormônios

quinta-feira, 29 de julho de 2010

?!

Penso logo Tenso

Acordei chorando

Hoje acordei chorando, me levantei de susto e percebi, ao atingirem a boca, que minhas lágrimas continham um forte gosto de cerveja preta, desculpem minha ingenuidade mas, alguém já passou por isso?

sábado, 17 de julho de 2010

A verdade do filósofo, a beleza do artista, de onde vem?

Ou da crença dogmática na utopia do conhecimento, ou do discernimento simplório, do ego binário que se quer ver conhecedor, da curiosidade cuspida... mas no fundo no fundo, acho que do mesmo lugar - tendo em vista que a verdade do filósofo parte de sua lucubração artística ao mesmo tempo em que a beleza só é alcançada quando a verdade é conquistada pelo artista. - será?

terça-feira, 6 de julho de 2010

Aparências

As aparências enganam, mas não mentem.

Ceticismo

Me peguei pensando acerca das almas céticas - será que alguma já voltou pra contar que agora acredita nas almas penadas? E o espírito de porco?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Mensagem de Erro

Errar é humano. Cometer o mesmo erro 1, 2 ou até 3 vezes ainda é humano. Agora, cometer o mesmo erro além de 3, 5, 17 vezes... é muito mais humano ainda!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Sintonia

O inexplicável e maravilhoso privilégio de querer o que vai acontecer!

Zoonóias IV

Tem um peixe tentando me hipnotizar!

Zoonóias III

O meu cachorro descobriu que é um cachorro!

Foice

Tá pra nascer alguém
que me goste menos que ti
eu vivendo
os caras te chamando
eu chorando e você nem vendo

ainda vou arrancar você de mim
assim que eu aprender
com quantos finais se faz um fim

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Poemeta Temporal

O futuro só a Deus pertence

no combinado 
com o passado sendo todo nosso
o presente só podia ter ficado com o Diabo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Marcus Moraes - Violão Solo

Um banquinho e um violão... ledo engano, caros melhóptimos, banquinho?!... por favor: Um Trono e um Violaço Inoxidável! – contextualizando à respeitabilidade do cabra que não toca um instrumento, mas sim, o torna a extensão do seu pensamento ligeiro, a continuidade de sua emoção exacerbada.

É lógico que é Marcus Moraes – Foi que o galático perguntou-me se não poderia escrever algo para seu show solo. Óóó, cantou a ostra... O primeiro é que Marcus Voraz nunca é solo, quantos vorazes essa terra ainda há de ouvir, o cara é uma orquestra! O segundo é que escrever email nesses tempos em que a leitura só serve se for rápida me enlouquece, essa coisa de: Marquinhos em 3 palavras – p...que p...! Mas vou me controlar, afinal esse é um convite que vai inclusive para os progenitores desse espécime violásticus incríveis.

Pois muito bem, maravilindas e queridões, sábado agora, dia 10/04, Marcus Moraes se apresentará no SESC da 504 Sul às 20 hs, pela programação da BRAVIO (Associação Brasiliense de violão). Apesar de eu entender que não interessa o que ele vai tocar eu vou dizer mesmo assim, só por que tem gente que curte mesmo é o reboleition (será que posso falar algo sobre isso? tá, já está grande demais...) – pois lá serão executados os perfeccionismos do CD que Marcus Totais lançou no ano passado, algumas divindades de seu segundo disco que sairá a qualquer momento, além de arranjos do mestre para canções conhecidas e clássicos do violão brasileiro e intergalácico!

Nó, se por algum motivo você não conhece o monstro, ou só não sabe se poderá ir por causa de seus negócios imperdíveis na Indochina, ou pra não perder o último capítulo da novela, escute só um pouquinho para se decidir: http://www.myspace.com/marcusmoraes

Aqui vai o link da BRAVIO - http://www.bravio.mus.br/

É isso, imprescindíveis, espero vocês lá para tietarem junto comigo esse orgulho de violão e pessoa incrível que é Marcus Moraes. (acho difícil ele botar o texto até o final, onde já se viu um artista deste porte tão cheio de vergoinhas...)

Beijo na Pleura!!!!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Deus é um bêbado que corre nu

Deus é um bêbado que corre nu! – o silêncio imperou na sala lotada. Por mais respeitado que fosse o homem, uma afirmação daquelas, partindo assim de um honroso pastor, parecia algo impensado. A poesia estaria evidente não fosse o fato da abstenção do álcool pelos evangélicos. De que forma então poderiam chamar-se de versos aquela agressão verbalizada pelo pastor?

A oração infame foi proferida ao final de um sermão. Leonardo, Pastor Léo, como era conhecido e admirado, respirou fundo ao concluir sua preleção. Levou à testa suas mãos suadas e entoou baixinho, mas não o suficiente para que não fosse escutado – Deus é um bêbado que corre nu. Nem ele saberia explicar o que queria dizer, mas como representante do divino, agora deveria.

Pensou num desfalecimento momentâneo, algo como um brancão, do qual nem mesmo os desportistas estão livres. Um breve desmaio seria a porta secreta que o levaria pra longe dos questionamentos que se seguiriam. No entanto, tal atitude poderia ser tomada por possessão, da qual nem mesmo os pastores estão livres. Acreditou por um curto segundo que não ficaria bem tal fragilidade imposta a um homem de Deus. Errar é humano, e humano é Leo, no entanto não se julgava errado pelo dito, tampouco pelo pensado, na verdade, naquele momento não se julgava, em verdade mesmo, não fazia a menor idéia do que acontecera. Léo havia sido tomado de um lampejo de liberdade poética. Era o que lhe parecia.

Mas por que Deus se lhe apresentara como um bêbado? – a bebedeira representa o torpor, e por sua vez o entorpecimento exacerbado pode levar a irrazão. Do que corre nu o que se percebe é que pouco não deve ter se embriagado. As questões cresciam sem amadurecimento. Por que Deus corria? Deus não precisa correr... bem, é certo que nem beber, ainda mais pelado. Se corria nu, era por que antes vestira algo, quais seriam as vestes de Deus?

O que o senhor quer dizer? Perguntou a primeira beata, daquelas que ficaria revoltada se não fosse a primeira a questionar, e que logicamente será ainda a primeira independente da resposta do pastor, a tecer sobre o acontecido interpretações das mais cabulosas aos outros fiéis.

Léo era jovem, tinha em seus quarenta e dois anos a figura de uns trinta e cinco de aparência. Desde criança era devoto, seu pai fora pastor na mesma igreja e todo mundo sabia que o menino era para aquilo mesmo. Sem surpresas ele sempre comandou com facilidade seu rebanho. Mas agora sua pele corada de saúde conquistada cedia lugar ao pálido rosado do susto. Mais que ninguém Léo gostaria de saber o que ocorria ali. Deus não precisava de roupas, é o reflexo da sinceridade, vem antes da obra primeira, é o criador, não tem forma, então pra que se vestir?

Para Léo a corrida podia representar a busca por um objetivo, mas Deus não tem objetivo, Deus não quer nada, não tem vontade, não tem desejo, é a própria realização. Acontece que Léo sabia que sua frase não tinha sido elaborada por sua consciência, e só poderia ser coisa da divindade mesmo, de forma que o momento requeria toda a sua atenção. Era a primeira vez que se sentia realmente conectado à santidade.

Dos fiéis, outra pergunta cortava o ar, mas o pastor sem reação não cessava o raciocínio: Deus, como Senhor supremo, único e uno, pode se dar ao luxo de fazer o que bem entender independente de seu querer, uma vez que Ele nada quer. Tomou um porre sem querer, só por tomar, correu por correr e ainda foi pelado, pra tirar onda! – Imaginava seu filho mais novo lhe explicando o significado da frase – o menino chamava-se Caetano, sim, por causa do compositor - o jovem cabeludo sempre fora meio à revelia às missas do pai, e quando Léo o avistou com aquele mesmo risinho cínico que as crianças que gostam de skate guardam sempre no canto da boca, não conseguiu pensar noutra coisa senão na resposta que o filho lhe daria, ali mesmo na Igreja, se fosse ele o indagado.

Quis rir - nunca antes quisera rir da quizila do filho. É que tomava a atitude de seu pequeno skatista como ato rebelde típico de adolescente, mas agora achava graça e queria rir. Léo não se daria este direito, afinal, após ter profanado o templo do Senhor com palavras tão agressivas, uma simples risadinha seria sua lápide, mas gargalhou em pensamento, o que de inédito já tinha tudo.

Não, tamanha poética não poderia ser para tirar onda! Afinal de contas, Deus não precisa disso – o problema é que esse axioma não permite nenhuma conclusão – Deus não precisa de nada – mas então por que tudo acontece? E por que dizer do tudo, que é a vontade do Divino. Agora as coisas se complicavam na veneta do pastor. O foco só podia estar errado. Ele ainda era escravo de seus dogmas. Deus queria beber, e bebeu, até se embriagar.

Talvez devesse interpretar com mais atenção a embriaguês divina. A sensação de torpor permite ao indivíduo a vivência duma outra realidade. Parece que aqui, o indivíduo é Deus, o que poderia nesse caso significar uma troca de papéis. Quem sabe Deus não esteja querendo encarar a carne? Quem sabe não esteja querendo simplesmente ser homem, ser indivíduo? Quem sabe, dessa vez não seja o homem quem quer se livrar de suas máscaras, mas sim a própria divindade - que passa a rejeitar a pressão de criador para se beneficiar dos privilégios da criação. O homem passa a correr nu, numa representação mista de fragilidade e liberdade. Débil o corpo se atira desenfreado ao atrito eólico na estrada do tempo. Mas o que não é a liberdade sem a fragilidade? A segurança é tentadora mas aprisiona, poda, restringe as opções.

A cabeça do pastor quase albina passava a um vermelho intenso, maquinando sua nova religião. As mãos friccionavam o rosto suado denotando uma profunda imersão na própria alma. Este sentido era algo desde sempre almejado por Léo, e agora ele o alcançava sem esforço - a mão Divina o auxiliara, mas a troco de quê? De entender a morte de Deus? Se Deus se tornar o homem teremos que escrever homem como Homem e Deus como deus? Seria o homem Léo o escolhido para testemunhar o suicídio da Santidade?   

À medida que pensava, a Igreja ia se tornando um mar de interrogações de mão dupla – Léo não enxergava a mentira nas pessoas, via apenas o engano da ingenuidade. Mas também não enxergava a sua verdade, só via a dúvida. As perguntas pareciam infindáveis, de forma que as respostas jamais seriam suficientes. Uma verdade, no entanto, havia despertado o humor daquele ser cansado – Deus havia enfim se comunicado. Se bebeu, se correu, vestido ou não, nada importava. Agora, uma linha de raciocínio abruptamente alterada a ponto de provocar uma mudança de rumo significativa na vida de uma pessoa, isso sim era importante. Deus se fez homem para que o homem o compreendesse. O homem se desfez para que sua mente aceitasse a verdadeira divindade. Sem uma coroa somos todos reis. Agora sim, Deus poderia voltar a ser uno, e Léo poderia voltar a ser homem, pastor, ou o que quer que fosse. Mas seria simplesmente o pai feliz do skatista que sabia de tudo que ele havia esquecido.

A senhora o olhava aguardando uma resposta que provavelmente não entenderia. Na verdade ninguém entenderia o que o homem tinha a dizer. Deus é um bêbado que corre nu. Repetiu em pensamento a frase que mudara sua vida, com o risinho herdado do filho no canto da boca. Pleno de paz e compreensão, num instante nobre de sua existência Léo percebeu que qualquer explicação minimizaria o aprendizado, de forma que optou pela dosagem homeopática do conhecimento nos fiéis que o seguiam, assumindo a responsabilidade de, para sempre, dure o que durar o tal sempre, permanecer injetando sua sabedoria advinda daquele fato em seus irmãos. E antes que a senhora ou qualquer outro de seu rebanho o questionasse novamente, Pastor Léo proferiu sua frase de encerramento do discurso como quem, não ouvindo as perguntas do povo, apenas repetisse o que dissera a pouco: O ateu é um frívolo que come cru. Dito isso fechou a bíblia, deu boa noite com o auge de sua simpatia, olhou para seu querido filho e sorriu.    

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Não posso

Não posso com a vida curtida mentida em silêncio
Nem com a morte sombria da vida
Perdida
Ao cair do lenço
Nem com o cair do lenço jogado às pressas, na letal ferida
Nem com a quebra da ogiva, que esgota minha vida
E apaga o que penso

Meu poema triste

Cego que estou
Já nem vejo a hora
Nem vou encontrar o meu amor
Nem vou curtir a aurora
Nem quero fazer um poema triste
Nem quero e já...
Por que já nem vejo a hora

Faço aqui meu poema cansado
Exausto
Quando era forte
Não via o fim do caminho
Nem me preocupava com isso
Hoje
Assisto o final e computo
O esforço é dobrado
Nem sei mesmo o que prevejo
Nem sei se é mesmo o final
Eu nem queria fazer um poema triste...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Menino Urubu

Menino urubu
A sacola na boca
A garganta colada não é sede de estrada

Já que o canal
Pegou infecção
Vai morar na cidade ou não é?
Na marginal

Menino urubu
Brinca na boca do rio
Desemboca na morte

Mas porque não,
bater em retirada da vida
própria?
Mas por que não,
bater na retirada da outra?

Menina

Menina que eu nem posso mais
Sentir o teu cheiro
Que o arreio explode os botão da camisa
Olha onde pisa
Vê que eu to no meio

Menina tão dura

Cruel
foi quem fez tu e fez tudo
e em ti nada esqueceu
Menina
ainda por cima
que rima com sina
e combina com céu
menina cruel

Me manda pra fora

Me manda pra fora, linda
Me nega, releva meus erros
Tão cega é a tua tão minha vida
Que a vinda da minha tão tua ida
Se ira da nossa, tão nossa, briga

Me manda pra fora
Me tira da linha
Me prende a circulação
Mas não me afogue em teu pranto
Náufrago de teus braços
Onde perdi o ar
e me cobriu o frio
tateando o vento
e me fazendo rio
Me esquecendo em mar



Mantra

Espanto do meu pensamento
O que não sou eu que penso
Pois não dá
Pra viver assim
Com o mundo a pensar por mim
E ainda tem a televisão...
No mundo da lua
Não acontece coisa estranha
Se aparece mulher nua
A gente só se assanha

Mania de Deus

Procurando o ouro
O ouro de tolo
Fundo na barriga da mina
Isso aqui está o ouro
O ouro da cara
Da cara de quem está por cima
Mas não, que não se importem
Com o quanto vale a estima

Procurando o ouro
O ouro na cara
O tolo de barriga pra mina
Isso aqui está no fundo
E o fundo por cima
Que o mundo de horror não repara
Mas não, que não se importem
Com consciência rara

Mania de Deus

Procurando o umbigo
Umbigo que some
Junto da barriga de si
Isso aqui está um porco
Um porco de homem
De homem que só faz rir
Mas não, que não se importem
Com o pranto de outra cara

Mania de Deus

Jaboticabeira radiotativa

Jaboticabeira radiotativa
É o natal que instiga a luz que excita a pleura
Que nem por mais comprida
Desinibe a vista da sujeira
E o olho gordo dá, dor de barriga

Se o japonês trabalha tanto quanto o meu pranto afeta o meu amor
Trabalho no meu canto
Que pra seu espanto é natural
Da quentura do meu suor
E que não é qualquer goela que aguenta esse nó

Se o olho puxado e o sovaco suado são coisas distintas
Têm o mesmo pecado é uma coisa só
Que é o de um sempre falar do outro
E serem tão calados

Ói viu,
Tele-transporte à jato
E tem água na lua
E tem clone de rato
Amor da carne crua
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal
Òi viu,
O teatro verídico
A televisão satírica
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal



Se seu jesus cristo soubesse inglês
Se tivesse um celular
Jato particular
Não tinha se ido aos 33
Teriam consumido mais de um homem mais altivo
Que de um simples camponês
Teriam vendido mais que do último mês

O poder da crença que o dinheiro traz que faz a diferença
Não qualquer milagre que o homem fez
Depois
Milagre por pepita até fritz explica

Ói viu,
Tem sangue do tabaco
Tem vírus do macaco
Já já não tem mais serra
Tá tudo serrado
E meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal
Òi viu,
O teatro verídico
Televisão satírica
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal

Irrazão

Ignore o fruto que também me seve
De adubo em solo no cio que acolhe
O filho do fruto, que na fruta encerre
Ele, que sempre volta
E que nunca morre
E que faz falta
E que ao crescer comove
Da alta copa jorram mais, e se espalham
Com o receio natural dos pés do homem
Não dos irracionais

Instinto

A faca instiga o corte
Assim como a vela instiga o fogo
Assim como a altura instiga a morte
Assim como o jogo instiga a sorte
Assim como o fraco instiga o forte
Tal como a luz
Que me rasga a vista
E se desculpa como instinto
Fruto da culpa
Que se difere do eu
De quando se está só
Pela fraqueza da razão
Por instigar o core
Fugir do forte
Temer a sorte
E se entregar a morte
Queimando de novo

Flor de Gelo

Tão bela a flor de gelo
Longe donde for o sol
Não pode sair pra rua
Não pode beijar a lua
Nunca curva sua espinha dura
Pois a ninguém venera feito o girassol

Independentemente só
Tão bela a flor de gelo
Nunca perde o cheiro
Nunca suja de canteiro
E tampouco cheirando a pó
Ganhou meu amor primeiro
Pois quando a vejo
Não sinto que enxergo, que escuto, ou que cheiro
Mais sim que me esquento e derreto de dó

Festa

Eu quero festa
No dia do meu velório
Ninguém franzindo a testa
Nem nada de oratório
Na missa eu quero é banda
Do padre a cantoria
Que é pra eu ver no céu quem manda
Se a tristeza ou alegria

Na morte
Quero vida
Sem prantos nem rosários
Sou nada de alma sofrida
Nem perdida no calvário

No luto eu quero cor
E na terra eu quero o cheiro
O perfume de cada fulô
Que já me sentiu

Bumba meu boi
Mainha é sinhá
Casulo é meu pai
É Deus que me dá

Doente imaginário

É o próprio doente imaginário
Dito hipocondríaco
Nato cardíaco, coração flácido
O homem do dedo de plástico e coluna de vidro
O peito asmático
Ta sempre ferido
Vivido em tom enigmático
Um cabra fodido
De tanto ser antipático

Distúrbio

O surdo aleatório, que não chorava, que não falava
Mas que ele escutava, o mundo, ele escutava,
mas...
Nunca que a sua risada se abria na hora certa
Mas que ele sorria e se mijava  era uma festa
Até que o aparelho chegou
E agora ele escutava tudo
E o bobo virou surdo
E o surdo virou robô
Mas...
E o cego equilibrista, que não tropeçava, e nem esbarrava
Mas que calculava, a vista, calculava,
mas...
Nunca reconhecia seus amigos numa festa
Mas que ele acenava e aparecia na hora certa
Até que o aparelho chegou
E agora ele enxergava o medo
E tudo ficou tão claro
E o negro mudou de cor
Mas...
O problema é natural, não é com o aparelho,
é com o normal

Aqui Jaz

Tento, tempo, tanto, traz
Falhas folhas, falho, mesmo filha
Morre, na trilha
Aqui jaz

Ao Ignoto minha salva

Que és imprescindível
É irrefutável
Amor inexprimível
Ao tempo que execrável

É símil à ira
Excrucia, exculpa
Exculpe em face
No intransigente
A inigualável ferida guia
Abcesso ogiva
De dor e alegria

A rosa branca

Se já morreu
Já morreu
Se já enterrou
Bicho comeu
A rosa branca ninguém quer
E a pomba vai voar, vai voar
Pro sol que não se põem no mar
Mas o nascer que eu quero ver
E os do outro lado vão gostar

Se já viveu
Já viveu
Ou vai esperar quem nem nasceu?
Se vai chorar
Pra que chorar?
Melhor sorrir pra não mentir
Nem por amor
Nem pela dor ou por adeus
Melhor sorrir pelo que for
Melhor viver graças á Deus

Viver na cabeça do mundo
Errante
Canções batidas canto sim
Pra frente e pra dentro
De agora em diante
Pra um ponto distante
Todo infinito
Concentrado em mim


Pra quem nasceu passo deu
Não vai esperar que amigo teu
Vá lhe dizer pra não parar
E a pomba branca vai voltar, vai voar
E o sol não mais vai se apagar
Tal como a lua vai brilhar pra te lembrar
Do presente
Que tu acabas de ganhar

A voz da sabedoria

E por um momento se silencia
A tão chamada voz da sabedoria
Não que se ausente a alegria
Mas que se há presente a melancolia

Ilhas sós que por tantas vias
Se alcança, e se desvia
Se esguia por entre as transas
Da tão chamada voz da sabedoria

Gritada por insanos
Difamada por cristãos
Crentes cientistas
Videntes manobristas
Fabricados artesãos
Que rotulam elitista
A loucura por razão

Mas
E quando tagarela
A tão chamada voz da sabedoria?

Pinta-se uma aquarela
E diz-se da velha
A esposa mais bela
À melancolia presenteia a alegria
E ao final do dia
Ri-se
De mais um surto de fantasia

Ciúme

Tão linda que é
Beleza roubada se fez
Num ato singelo
Sem ônus ou elo
Levou meu sono de vez

Encanta a dureza
A pressão
Ausentes no objeto
No que se vê é que reina a tensão
Sincero e desperto
A noite o abraça
E traz ficção à visão
Longe já, da cachaça
E de qualquer outra compreensão

Tão linda que é
A Beleza à Roubada se une
E preenche o inane
De pura loucura em nada imune
Ao avanço da noite
Ao alcance do cume
Ao prazer deste açoite
Que é o mal do ciúme

Saidinha


Saidinha, a menina
Deu descanso à minha rima
Bonita que é, fez o resto parecer qualquer
Fez até eu parecer que presto
E a menina parecer mulher

Saidinha, a namoradeira
Planta que garra e toma, sim,
a trepadeira
Aprendeu as minhas defesas
Minhas raízes não mais presas
Logo eu, edáfico por natureza
Da namoradeira agora me esguio
Chovo então na trepadeira
Que é pra ver se onde me enfio
Dá mais rima às minhas besteiras

Por favor, um beliscão


solicito um beliscão
essa menina brincando de moça
qualquer coisa muito boa
sonho, visagem, ilusão...
se desperto
meu peito implora insônia
se é sono
meu leito me afaga e me toma
e nem me belisque
que é pra eu apagar de jeito
e sonhar com quem nem sonha
que seu maior defeito
é ser sonho perfeito
é ser a menina da moça dona
é ser a mulher que faz dormir direito

Quem sou eu

Compositor, instrumentista, produtor musical, trilheiro e escritor

escritosonoro por @?

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