quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Não posso

Não posso com a vida curtida mentida em silêncio
Nem com a morte sombria da vida
Perdida
Ao cair do lenço
Nem com o cair do lenço jogado às pressas, na letal ferida
Nem com a quebra da ogiva, que esgota minha vida
E apaga o que penso

Meu poema triste

Cego que estou
Já nem vejo a hora
Nem vou encontrar o meu amor
Nem vou curtir a aurora
Nem quero fazer um poema triste
Nem quero e já...
Por que já nem vejo a hora

Faço aqui meu poema cansado
Exausto
Quando era forte
Não via o fim do caminho
Nem me preocupava com isso
Hoje
Assisto o final e computo
O esforço é dobrado
Nem sei mesmo o que prevejo
Nem sei se é mesmo o final
Eu nem queria fazer um poema triste...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Menino Urubu

Menino urubu
A sacola na boca
A garganta colada não é sede de estrada

Já que o canal
Pegou infecção
Vai morar na cidade ou não é?
Na marginal

Menino urubu
Brinca na boca do rio
Desemboca na morte

Mas porque não,
bater em retirada da vida
própria?
Mas por que não,
bater na retirada da outra?

Menina

Menina que eu nem posso mais
Sentir o teu cheiro
Que o arreio explode os botão da camisa
Olha onde pisa
Vê que eu to no meio

Menina tão dura

Cruel
foi quem fez tu e fez tudo
e em ti nada esqueceu
Menina
ainda por cima
que rima com sina
e combina com céu
menina cruel

Me manda pra fora

Me manda pra fora, linda
Me nega, releva meus erros
Tão cega é a tua tão minha vida
Que a vinda da minha tão tua ida
Se ira da nossa, tão nossa, briga

Me manda pra fora
Me tira da linha
Me prende a circulação
Mas não me afogue em teu pranto
Náufrago de teus braços
Onde perdi o ar
e me cobriu o frio
tateando o vento
e me fazendo rio
Me esquecendo em mar



Mantra

Espanto do meu pensamento
O que não sou eu que penso
Pois não dá
Pra viver assim
Com o mundo a pensar por mim
E ainda tem a televisão...
No mundo da lua
Não acontece coisa estranha
Se aparece mulher nua
A gente só se assanha

Mania de Deus

Procurando o ouro
O ouro de tolo
Fundo na barriga da mina
Isso aqui está o ouro
O ouro da cara
Da cara de quem está por cima
Mas não, que não se importem
Com o quanto vale a estima

Procurando o ouro
O ouro na cara
O tolo de barriga pra mina
Isso aqui está no fundo
E o fundo por cima
Que o mundo de horror não repara
Mas não, que não se importem
Com consciência rara

Mania de Deus

Procurando o umbigo
Umbigo que some
Junto da barriga de si
Isso aqui está um porco
Um porco de homem
De homem que só faz rir
Mas não, que não se importem
Com o pranto de outra cara

Mania de Deus

Jaboticabeira radiotativa

Jaboticabeira radiotativa
É o natal que instiga a luz que excita a pleura
Que nem por mais comprida
Desinibe a vista da sujeira
E o olho gordo dá, dor de barriga

Se o japonês trabalha tanto quanto o meu pranto afeta o meu amor
Trabalho no meu canto
Que pra seu espanto é natural
Da quentura do meu suor
E que não é qualquer goela que aguenta esse nó

Se o olho puxado e o sovaco suado são coisas distintas
Têm o mesmo pecado é uma coisa só
Que é o de um sempre falar do outro
E serem tão calados

Ói viu,
Tele-transporte à jato
E tem água na lua
E tem clone de rato
Amor da carne crua
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal
Òi viu,
O teatro verídico
A televisão satírica
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal



Se seu jesus cristo soubesse inglês
Se tivesse um celular
Jato particular
Não tinha se ido aos 33
Teriam consumido mais de um homem mais altivo
Que de um simples camponês
Teriam vendido mais que do último mês

O poder da crença que o dinheiro traz que faz a diferença
Não qualquer milagre que o homem fez
Depois
Milagre por pepita até fritz explica

Ói viu,
Tem sangue do tabaco
Tem vírus do macaco
Já já não tem mais serra
Tá tudo serrado
E meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal
Òi viu,
O teatro verídico
Televisão satírica
E a meteorologia acertando o dia
O deus de metal já está passando mal

Irrazão

Ignore o fruto que também me seve
De adubo em solo no cio que acolhe
O filho do fruto, que na fruta encerre
Ele, que sempre volta
E que nunca morre
E que faz falta
E que ao crescer comove
Da alta copa jorram mais, e se espalham
Com o receio natural dos pés do homem
Não dos irracionais

Instinto

A faca instiga o corte
Assim como a vela instiga o fogo
Assim como a altura instiga a morte
Assim como o jogo instiga a sorte
Assim como o fraco instiga o forte
Tal como a luz
Que me rasga a vista
E se desculpa como instinto
Fruto da culpa
Que se difere do eu
De quando se está só
Pela fraqueza da razão
Por instigar o core
Fugir do forte
Temer a sorte
E se entregar a morte
Queimando de novo

Flor de Gelo

Tão bela a flor de gelo
Longe donde for o sol
Não pode sair pra rua
Não pode beijar a lua
Nunca curva sua espinha dura
Pois a ninguém venera feito o girassol

Independentemente só
Tão bela a flor de gelo
Nunca perde o cheiro
Nunca suja de canteiro
E tampouco cheirando a pó
Ganhou meu amor primeiro
Pois quando a vejo
Não sinto que enxergo, que escuto, ou que cheiro
Mais sim que me esquento e derreto de dó

Festa

Eu quero festa
No dia do meu velório
Ninguém franzindo a testa
Nem nada de oratório
Na missa eu quero é banda
Do padre a cantoria
Que é pra eu ver no céu quem manda
Se a tristeza ou alegria

Na morte
Quero vida
Sem prantos nem rosários
Sou nada de alma sofrida
Nem perdida no calvário

No luto eu quero cor
E na terra eu quero o cheiro
O perfume de cada fulô
Que já me sentiu

Bumba meu boi
Mainha é sinhá
Casulo é meu pai
É Deus que me dá

Doente imaginário

É o próprio doente imaginário
Dito hipocondríaco
Nato cardíaco, coração flácido
O homem do dedo de plástico e coluna de vidro
O peito asmático
Ta sempre ferido
Vivido em tom enigmático
Um cabra fodido
De tanto ser antipático

Distúrbio

O surdo aleatório, que não chorava, que não falava
Mas que ele escutava, o mundo, ele escutava,
mas...
Nunca que a sua risada se abria na hora certa
Mas que ele sorria e se mijava  era uma festa
Até que o aparelho chegou
E agora ele escutava tudo
E o bobo virou surdo
E o surdo virou robô
Mas...
E o cego equilibrista, que não tropeçava, e nem esbarrava
Mas que calculava, a vista, calculava,
mas...
Nunca reconhecia seus amigos numa festa
Mas que ele acenava e aparecia na hora certa
Até que o aparelho chegou
E agora ele enxergava o medo
E tudo ficou tão claro
E o negro mudou de cor
Mas...
O problema é natural, não é com o aparelho,
é com o normal

Aqui Jaz

Tento, tempo, tanto, traz
Falhas folhas, falho, mesmo filha
Morre, na trilha
Aqui jaz

Ao Ignoto minha salva

Que és imprescindível
É irrefutável
Amor inexprimível
Ao tempo que execrável

É símil à ira
Excrucia, exculpa
Exculpe em face
No intransigente
A inigualável ferida guia
Abcesso ogiva
De dor e alegria

A rosa branca

Se já morreu
Já morreu
Se já enterrou
Bicho comeu
A rosa branca ninguém quer
E a pomba vai voar, vai voar
Pro sol que não se põem no mar
Mas o nascer que eu quero ver
E os do outro lado vão gostar

Se já viveu
Já viveu
Ou vai esperar quem nem nasceu?
Se vai chorar
Pra que chorar?
Melhor sorrir pra não mentir
Nem por amor
Nem pela dor ou por adeus
Melhor sorrir pelo que for
Melhor viver graças á Deus

Viver na cabeça do mundo
Errante
Canções batidas canto sim
Pra frente e pra dentro
De agora em diante
Pra um ponto distante
Todo infinito
Concentrado em mim


Pra quem nasceu passo deu
Não vai esperar que amigo teu
Vá lhe dizer pra não parar
E a pomba branca vai voltar, vai voar
E o sol não mais vai se apagar
Tal como a lua vai brilhar pra te lembrar
Do presente
Que tu acabas de ganhar

A voz da sabedoria

E por um momento se silencia
A tão chamada voz da sabedoria
Não que se ausente a alegria
Mas que se há presente a melancolia

Ilhas sós que por tantas vias
Se alcança, e se desvia
Se esguia por entre as transas
Da tão chamada voz da sabedoria

Gritada por insanos
Difamada por cristãos
Crentes cientistas
Videntes manobristas
Fabricados artesãos
Que rotulam elitista
A loucura por razão

Mas
E quando tagarela
A tão chamada voz da sabedoria?

Pinta-se uma aquarela
E diz-se da velha
A esposa mais bela
À melancolia presenteia a alegria
E ao final do dia
Ri-se
De mais um surto de fantasia

Ciúme

Tão linda que é
Beleza roubada se fez
Num ato singelo
Sem ônus ou elo
Levou meu sono de vez

Encanta a dureza
A pressão
Ausentes no objeto
No que se vê é que reina a tensão
Sincero e desperto
A noite o abraça
E traz ficção à visão
Longe já, da cachaça
E de qualquer outra compreensão

Tão linda que é
A Beleza à Roubada se une
E preenche o inane
De pura loucura em nada imune
Ao avanço da noite
Ao alcance do cume
Ao prazer deste açoite
Que é o mal do ciúme

Saidinha


Saidinha, a menina
Deu descanso à minha rima
Bonita que é, fez o resto parecer qualquer
Fez até eu parecer que presto
E a menina parecer mulher

Saidinha, a namoradeira
Planta que garra e toma, sim,
a trepadeira
Aprendeu as minhas defesas
Minhas raízes não mais presas
Logo eu, edáfico por natureza
Da namoradeira agora me esguio
Chovo então na trepadeira
Que é pra ver se onde me enfio
Dá mais rima às minhas besteiras

Por favor, um beliscão


solicito um beliscão
essa menina brincando de moça
qualquer coisa muito boa
sonho, visagem, ilusão...
se desperto
meu peito implora insônia
se é sono
meu leito me afaga e me toma
e nem me belisque
que é pra eu apagar de jeito
e sonhar com quem nem sonha
que seu maior defeito
é ser sonho perfeito
é ser a menina da moça dona
é ser a mulher que faz dormir direito

Nu, artístico?


na moça da foto gostei do nu
o seio brincado de feio 
a costela fazendo de magra
como se ali pouco houvesse recheio
e fosse normal
que aparecesse assim
vindo direto do nada 
uma beldade pelada
desfilar seus pentelhos e sua barriga malhada
a um tosco sem religião
que finge que não acredita em nada
só pra dar mais emoção na pelada
 
é aquela Mariana
tão comum como qualquer Ana
que vem de jupter com seu rebolado marciano
mudou meu ano, fez-me espartano
pois diante daquela tocha, que inflama 
me sinto uma rocha de macho que ama
tendo que ser o oposto do avesso
em tempo composto
e daí que acaba que me esqueço
que eu nem sei se mereço tanto apreço
mas gosto do gosto
e me sinto cheio
pleno

Meus 30 pecados

Tá chegando o fim de Julho

Não sei se é por que sou de Leão

Mas o fato de ela ser a mais bonita me chama a atenção

Por que mexe com meu orgulho?

Ou por que me mata de tesão?

Ou é por que no fim de Julho eu vou dos trinta?

Estigma da experiência

Se felicidade é uma ciência

Digo logo antes que eu minta

Não é por carência que ela fica

Pois que a moça é tão bonita

Que seu nome todo mundo grita

O bom é que ela é surda, pouco muda e muito boba

E só pega quem belisca

Ah, e quando pega sai faísca

E tudo muda

E ela jaz tão louca

Que minha boca vira bunda

E a bunda dela a minha boca



Tá chegando o fim de Julho e eu na mesma!

Feliz pra dar com o pau

Na cara de quem me quer bem

Na bunda de quem nunca me quer mau

Quem sou eu

Compositor, instrumentista, produtor musical, trilheiro e escritor

escritosonoro por @?

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