terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Artistas é o Caralho I - Carta aos Melhóptimos

Há um tempo percebi que minha timidez exacerbada estava fazendo com que meu olhar reduzisse sua amplitude à dureza do chão. Terrível, artista tem que empinar o nariz! Pensando nisso ingressei numas sessões de RPG.

A esfera central desse método de tortura francês é a reeducação postural. Pra mim, que sempre fui descambado pr’um lado, o negócio já se mostra interessante, mas meu objetivo é simplesmente caminhar olhando para o horizonte num passo largo e calmo, compatível com as personalidades mais repletas de segurança e suas mentes brilhantes.

            “Respira, respira! Não fundo! Puxa pouco ar, solta bastaaante - primeira contradição fisiológica, o que confere ao método o estigma da tortura - vamos lá, puxando o ar, encolhe essa barriga, (tô de sunga), abaixa o peito, (mas tô inspirando!), é isso, abaixa o peito, vamo, vamo, vamo, - a voz é de menina bonita - agora solta o ar, inflando a barriga (mas tô soprando!), solta, solta, solta! E esse bico? Não faz bico, não faz! E as suas costelas? (que diabo tem as minhas costelas?) vamos comprimi-las, (o quê?) vamo, vamo, fechando as costelas, fecha, fecha, fecha, (mas tô soprando!)”


A passagem acima diz respeito somente à respiração, que deverá ser mantida por toda uma hora onde se seguem espasmos, dores latentes, masculinidade derrotada e uma cara de machão, tentando disfarçar a vontade de assistir ‘Indiana Jones’ tomando sorvete.

Isso pra doutora bonitinha achar que lida com um artista dedicado que só quer ser um rapaz direito nessa vida.

Ao fim da sessão só um pensamento habitava meu coração: E se eu der tudo de mim, o que é que sobra?

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