segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Rock





Dia desses, na casa d’um amigo, funcionando naquele modelo: final de semana carreira solo solto na braquiara (como dizem os eruditos)... Paramos pra escutar o Xalé Verde. Nem poderia dizer que é simplesmente uma banda de rock que tive. Na verdade foi uma DAS bandas que tive. E eu tive banda mesmo!
Mas sim... Ouvindo o Xalé me dei conta de quanto meu pé descalço me valeu. Hoje eu mesmo brinco e chamo de hippie – é que tem o ‘Horizonte Reto ou Circular’ e a versão de ‘Ando Meio Desligado’. Até entendo a grandeza do significado do nome, e que todos-no-infinito-só também é enorme mas... Péra lá!
Engraçado foi que assim que digitei o “péra lá” o computador alterou para “pêra lá” automaticamente. Ah, foi mal... Esta é minha preleção preconceituosa, e é curioso como isso domina a gente. Outro dia, saindo de uma peça que batia incessantemente na tecla do preconceito racial no Brasil, já dentro do carro e em movimento, ao cruzar com um BMW, vendo o motorista negro, sem que eu desse por mim um pensamento mais forte que a minha vontade de pensar comandou os neurônios na direção da crença de que aquele negro seria o chofer do carrão. Acho que aí mora uma diferença interessante; algo tentou fazer com que eu realmente acreditasse que aquele pensamento era genuinamente meu. Tomei então do meu aprendizado e de todas as sensações que me culpavam de ser branco. As mais novas delas induzidas pela tal peça, pois que, ao final, já sentia até alguma vergonha pela minha cor e repeli do meu corpo momentaneamente a salvo da tal conclusão precipitadíssima. Isso tudo no tempo de:
Ele estando a mais ou menos uns 40 por hora, quase parando no sinal, e eu a uns 27, saindo do sinal recém aberto.
Duro foi quando o banco traseiro do vizinho alcançou minha visão agora politicamente correta. Um homem farto e claro, bem branquinho mesmo, ocupava o assento com cara de chefe. Percebi o pós-conceito que dominou o momento; uma pena... Mais isso é outra coisa. Ainda temos que aprender muito para depois mudar a realidade. Tiro do meu pensamento ‘o que não sou eu que penso’. É um verso de um poema meu que no final diz que ainda tem a televisão... É rapaz, é sério.
Do tanto que tentamos nos afastar do tal do ‘coletivo’ e ainda tem a televisão pra complicar. Ela é o principal veículo de difusão do dito coletivo. Ótimo, não?! Coletivo... O engraçado é chamar de coletivo um pensamento que foi pensado por uma meia dúzia, no jeito certinho de fazer com que todo mundo pense que aquele pensamentinho seja o tal pensamento bem pensado que ninguém pensaria que fosse, ã?! É porque é curioso ver os dos outros... E fácil de julgar. Agora, o pensamento de todo mundo é tão de todo mundo, tão de graça, que ninguém quer saber. Um pensamento que vive por aí. Ele tem acesso liberado a todas as cabeças, e muitas delas o pensam sem questionar. Até quem age diferente pensa nesse ‘acomodador’ também. Acomodado sim! Não quer pensar um pensamento que seja de sua própria máquina pensante!
Não quer nada com a curiosidade? Chegar num outro lugar, que não esse. Um outro mesmo, sem referência. Aprender dá uma preguiiiiça, ainda mais quando penso que para aprender terei que diminuir o rock.
Mas será?!
Sempre gostei de rock. Há diversos anos na Escola de Música de Brasília o professor, no meio duma daquelas aulas empolgadas do tipo “como é bom estudar, estude o dia inteiro e fique estudando” e blábláblá levantou a seguinte questão: O que há de comum entre Charlie Parker, Jonh Coltraine e Jimi Hendrix? Não sei no que ele pensou, mas é lógico que um cabeludo levantou e disse que eles morreram de rock. É indiferente ao estilo do sujeito, é rock, e ele pega.
Ê laiá... E rock rende história, viu?


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